quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Cultura: considerações preliminares

Cultura: considerações preliminares


Francisca Clara de Paula Oliveira
Isabelle de Luna Alencar Noronha
Janaína Amanda Sobral Macêdo
Raimunda Rodrigues



Introdução



Este artigo foi elaborado no decorrer dos estudos concernentes à pesquisa de Iniciação Científica na qual sou bolsista, pesquisa esta que tem como título: Cultura popular e cultura de massas na formação cultural-escolar do jovem cratense: um olhar a partir da música. O objetivo central da pesquisa é “saber se no universo dos jovens que cursam os ensinos fundamental e médio em escolas públicas do Crato, se verificam hábitos musicais; e, por conseguinte, se esses hábitos musicais se constituem como elemento revelador da (s) cultura (s) nas quais estes atores sociais estão inseridos” .
Ora para alcançarmos tal objetivo, se faz necessário que primeiro estejamos munidas das principais conceituações que serão os pressupostos teóricos da pesquisa: o que é cultura (como também o vem a ser a cultura popular e a cultura de massas) e o que é música. No caso, este texto, se refere particularmente à conceituação e à reflexão de cultura.
Este artigo foi fundamentado em autores na sua maioria de posicionamento marxista (Como por exemplo Marilena Chauí, Vigotski, Gimeno Sacristán), desta forma termos aqui apresentados também receberam conotação marxista, como é caso de ideologia, mercadoria, etc.


1. CONCEITUAÇÃO

Diversos intelectuais já conceituaram cultura. Por isso, o exorbitante número de significados atribuídos ao termo: cento e sessenta, segundo o Dicionário de Ciências Sociais . Cultura pode ser definida de maneira diferenciada de acordo com a ciência que se apropriar do termo. Isto quer dizer que para a Sociologia, cultura terá uma conotação, para a Antropologia outra. E, desta forma, cada ciência atribuirá seu sentido de acordo com a sua especialidade.
Dentre os significados de cultura, neste texto, analisaremos dois que embora diferentes, não se contrapõem: o conceito de cultura em um sentido antropológico e o conceito de cultura em sentido restrito de saber intelectual.


1.1 Cultura no sentido antropológico

O primeiro conceito é fundamentado por John Murray (1971), que descreve-a da seguinte forma: Cultura tomada num sentido etnográfico amplo é o todo complexo que inclui conhecimento, crença, artes, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade.
Murray (1971) dá à cultura uma conceituação bastante ampla. Neste sentido, ele atribui à cultura tudo aquilo que foi adquirido pelo homem como membro da sociedade. Ora se a cultura é um bem adquirido pelo convívio em sociedade, a cultura é social e não natural ao homem. Desta forma, tudo aquilo que não é natural ou biológico, é cultura.  Assim, o ser humano não age apenas guiado pelos seus instintos, que são naturais,  mas dá novos significados para o mundo que o circunda. Desta forma, segundo Laraia (1997), esta construção simbólica do homem, ao interpretar e modificar o mundo, recebe o nome de cultura . À cultura se atribui o que o homem construiu com o passar do tempo, seu conhecimento, seus costumes, sua arte, etc. Neste caso, o termo ganha conotação de progresso, de civilidade, de desenvolvimento. Sacristán (2002), nos fala de progresso, não como comumente é entendido, mas como o sentido emancipatório do progresso deve articular-se a partir do aqui e agora, impulsionado pela crença no valor da humanização e pela esperança na melhoria da sociedade, entendida como uma sociedade mais próspera, mais justa, com um funcionamento racional e não-alienante.
Desta forma, perceber a cultura como progresso é compreendê-la como a responsável pela melhoria da qualidade de vida do homem. Melhoria esta que, ocorreu paulatinamente a partir do momento em que homem muniu-se de artefatos para adaptar-se ao seu meio ambiente natural, seja na fabricação de armas para defesa de sua vida e preservação de sua espécie, seja na fabricação de mitos e lendas que viriam a servir de explicação diante do inexplicável com o intuito de acabar com a ansiedade e com o medo.
Marx, no seu livro Ideologia Alemã, conceituará cultura (embora não utilize o termo) de forma semelhante, dando-lhe a conotação de trabalho humano: Pode-se distinguir o homem dos animais pela consciência, pela religião ou por tudo que se queira. Entretanto, eles próprios começam a se distinguir dos animais logo que começam a produzir seus meios de existência, e esse salto é condicionado por sua constituição corporal. Ao produzirem seus meios de existência, os homens produzem, indiretamente, sua própria vida material.
Segundo Laraia (1997) o que difere o homem dos outros animais é a capacidade de produzir cultura. E o pressuposto, segundo o mesmo, para o aparecimento da cultura, é a linguagem. Vygotsky, por sua vez, inverte a situação: [...] pensamento verbal não é uma forma de comportamento natural e inata, mas é determinado por um processo histórico-cultural e tem propriedades e leis específicas que não podem ser encontradas nas formas naturais de pensamento e fala.
Enquanto Laraia nos diz que a linguagem foi responsável pelo aparecimento da cultura; Vygotsky, diz que o aparecimento da linguagem tem sua origem em um processo histórico-cultural, isto é, a cultura produziu a linguagem. Ambos estão corretos em suas afirmações, já que foi a partir da linguagem que o homem pode transmitir sua cultura e foi através da cultura que o homem adquiriu sua linguagem. Ambas se complementam.

1.2 Cultura em sentido restrito de saber intelectual

O segundo conceito de cultura que analisaremos é o conceito que foi incorporado ao senso comum, colocando a cultura como desenvolvimento intelectual e saber, sendo que este saber, se restringe ao saber escolar. O que significa dizer que pessoas que não freqüentaram à escola, são desprovidas de cultura. Tal conceito é excludente e, antes de tudo, elitista. Já que exclui todas as pessoas que não só, não tiveram oportunidade de receber um conhecimento sistematizado, como também não apreciam os mesmos gostos musicais, de artes, etc.
A partir de desta associação do conceito de cultura à educação sistematizada, vemos a cultura, que já possui tantas divisões (como é o caso da cultura específica de cada país), receber mais uma divisão: cultura de massa, cultura popular ou mesmo cultura do povo. Marilena Chauí (1999) explica esta divisão da seguinte forma: Em sociedades como a nossa, divididas em classes sociais, o Outro é também a outra classe social, diferente da nossa, de modo que a divisão social coloca o Outro no interior da mesma sociedade e define relações de conflito, exploração, opressão, luta. Entre os inúmeros resultados da existência da alteridade (o ser um Outro) no interior da mesma sociedade, encontramos a divisão entre cultura de elite e cultura popular, cultura erudita e cultura de massa .
Chauí (1999) associa esta divisão de cultura, especificamente a cultura de elite e a cultura popular, aos conceitos de comunidade e de sociedade. Pois para Chauí uma comunidade é uma coletividade onde as pessoas se conhecem, compartilham os mesmos sentimentos e idéias e possuem um destino comum; já a sociedade, é uma coletividade internamente dividida em grupos e classes sociais (classes sociais, estas, que se relacionam pela mediação de instituições como a família, a escola, a fábrica, o comércio, os partidos políticos e o Estado), antagônicas entre si, e na qual há indivíduos isolados uns dos outros.
Ainda segundo Chauí (1999), a cultura se apresentará para a comunidade e para a sociedade de formas diferentes: uma comunidade cria a mesma Cultura para todos os seus membros, mas numa sociedade isso não é possível, e as diferentes classes sociais produzem culturas diferentes e mesmo antagônicas. Por esse motivo é que as sociedades conhecem um fenômeno inexistente nas comunidades: a ideologia. Esta é resultado da imposição da cultura dos dominantes à sociedade inteira, como se todas as classes e todos os grupos sociais pudessem e devessem ter a mesma Cultura, embora vivendo em condições sociais diferentes.

1.2.1 A cultura da Elite

Marilena Chauí, no seu livro Cultura e Democracia, definirá elite: Elite significa precisamente elitismo e segregação, mas ao mesmo tempo, afirmação de um padrão cultural único e tido como o melhor para todos os membros da sociedade.
Sendo assim, pode-se dizer que a cultura da elite será considerada a cultura de “qualidade” ou mesmo a melhor, enquanto que a cultura do povo estará na condição de cultura inferior.
Entretanto, concluir que a cultura da elite como estando num patamar superior ao da cultura do povo, é concluir que o povo não é capaz de produzir cultura (pois se soubesse, sua cultura não seria inferior à da elite).
Ora, se partirmos do pressuposto de que não existe neutralidade, e não há. Chegaremos à conclusão de que o plano cultural define e é definido pelo campo econômico-social. Isto é a hegemonia econômica da elite ratifica sua hegemonia cultural e vice-versa. Sobre isso Marilena Chauí nos dirá: A elite está no poder, acredita-se, não só porque detém a propriedade dos meios de produção e o aparelho do Estado, mas porque tem competência para detê-los, isto é, detém o saber.  Isto nos leva a concluir que a cultura da elite é superior à popular devido a elite ser detentora do saber.
Isto quer dizer que, uma vez a elite sendo detentora dos meios de produção e da ciência ela tem o direito ““natural” e “justo” (do ponto de vista dos dominantes)”  de estar à frente da sociedade conduzindo a massa. Como ratifica Marx: A realização do trabalho aparece na esfera da economia política como desrealização do trabalhador, a objetivação como perda e servidão do objeto, a apropriação da alienação.
 Ao trabalhador resta contribuir com sua força de trabalho, transformando a si próprio em mercadoria.



1.2.2 Cultura do povo

A diferença existente entre a cultura da elite e a cultura do povo é real e é analisada por diversos autores. O problema começa quando a elite, para que sua cultura se sobressaia, deprecia a do povo. Na verdade, uma cultura não anula a outra, ambas podem coexistir, sem que a outra precise desaparecer. O que impede que isto aconteça está no plano ideológico. Pois, a ideologia dissimula a realidade e faz com que a cultura universal seja a da classe dominante. Neste sentido, com o intuito de escamotear o direito do povo de fazer e de ter cultura, a elite denominou a cultura do povo de cultura popular. Embora pareçam ser a mesma coisa, existe um abismo separando as duas. A grande diferença é que quando se diz cultura popular, se quer dizer que tal cultura está no povo, mas não foi necessariamente produzida pelo povo; e, quando se diz cultura do povo, se quer dizer que é do povo e também foi produzida por ele .
A cultura do povo, também é confundida com a cultura de massa entretanto, possuem significados distintos. Vejamos o que nos diz Chauí: Quando se fala na cultura popular, não enquanto manifestação dos explorados, mas enquanto cultura dominada, tende-se a mostrá-la como invadida, aniquilada pela cultura da massa e pela indústria cultural, envolvida pelos valores dominantes, pauperizada intelectualmente pelas restrições impostas pela elite, manipulada pela folclorização nacionalista, demagógica e exploradora, em suma, como impotente face à dominação e arrastada pela potência destruidora da alienação.
A cultura de massa é divulgada como a cultura dos alienados, dos “sem rosto”. A alienação é o que permite que a classe dominante explore o trabalhador. Para Marx (2004), a alienação é possuir falsas noções do que vem a ser a vida, o mundo e o próprio homem, ele acredita que o homem alienado vê o mundo de forma fantasiosa, a alienação não permite ao homem enxergar a realidade da forma que ela realmente é. Isto é, a alienação impede ao homem de ver a verdade. Segundo Marx (2004): a partir do momento em que o homem substituir suas fantasias por pensamento condizentes à essência do homem, para comportar-se criticamente diante delas, para expulsá-las do cérebro, e a realidade desmontará . Desta forma, a cultura de massa além de ser alienada, aliena o povo para que não enxergue os problemas que estão à sua volta e não busque a transformação da sociedade. A cultura de massa é aquela que foi desprovida de significação e sua principal produtora e propagadora é a mídia.
Neste sentido, diante da cultura de massa, é importante que se analise  a função dos meios de comunicação de massa no processo de construção de subjetividade subserviente. Como também que, através destes meios estamos fabricando alienação.
A cultura do povo é na verdade tudo que o caracteriza e o une. Sua tradição, suas danças, músicas e tudo o mais que faz parte da sua vida.


2.– O papel da educação na cultura

Como vimos a cultura em seu sentido mais amplo é tudo aquilo que foi produzido e acumulado pelo homem de geração em geração. A educação, na verdade, não nasceu com a escola. A educação é tão antiga quanto o homem, da mesma forma que a cultura. Pois desde que o homem foi capaz de produzir conhecimento e transmitir este conhecimento de pai para filho a educação existe. Embora de forma assistemática.
Cultura e educação, embora tenham significados distintos, um está contido no outro. Sem a educação, que propiciou a transmissão da cultura ao longo dos anos, a cultura simplesmente deixaria de existir. Ou, no mínimo, teria sido empobrecida. Já que a cada geração o indivíduo teria que produzir o conhecimento desde o princípio. A roda, o fogo, as armas. Desta forma, jamais teríamos chegado ao progresso tecnológico que temos hoje. Vejamos o que diz Laraia a este respeito:  O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridas pelas numerosas gerações que o antecederam. A manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as inovações e invenções. (LARAIA, 1997, p. 46)

Nesta perspectiva, cultura e educação, não podem ser compreendidas separadamente. Já que a educação gera cultura e cultura gera educação.
Neste mesmo sentido, Saviani (2005) nos diz: “Do ponto de vista da educação, esses diferentes tipos de saber não interessam em si mesmos; eles interessam, sim, mas enquanto elementos que os indivíduos da espécie humana necessitam assimilar para que se tornem humanos. Isto porque o homem não se faz homem naturalmente; ele não nasce sabendo ser homem, vale dizer, ele não nasce sabendo sentir, pensar, avaliar, agir.” (p. 7)
Desta forma, tanto a cultura quanto a educação tem por finalidade tornar o homem mais humano, se afastando cada vez mais da barbárie. Entretanto, o simples fato da transmissão cultural não significa a garantia da saída  da barbárie. Desta forma, tanto a cultura quanto a educação tem por finalidade tornar o homem mais humano, se afastando cada vez mais da barbárie. Entretanto, o critério da escolaridade não pode ser considerado suficiente para assegurar que um individuo está na caminho da humanização. Temos visto exemplos marcantes, como foi o caso dos jovens de Brasília filhos de pais da classe média e com alto nível de escolaridade que atearam fogo no índio pataxó. (Zuim, 1999).
O que faltou na formação desses jovens? Qual a responsabilidade da escola neste problema? A escola é historicamente a instituição responsável por transmitir o saber sistematizado às futuras gerações. Entretanto, na escola é o lugar em que a educação é transmitida de forma sistematizada, no qual a cultura corre o risco de ser pensada de forma estigmatizada, ou mais precisamente alheia ao mundo de quem recebe este tipo de saber. Ora, se vivemos numa sociedade dividida em classes quem deve decidir o tipo de cultura que será repassado à sociedade? Historicamente, as elites brasileiras têm “controlado” através das políticas educacionais o tipo de saber que será oferecido à sociedade. Desta forma, o debate sobre a formação dos currículos da educação básica é ainda algo restrito aos especialistas e tecnocratas. É recente o espaço dado à sociedade civil organizada para se pronunciar sobre a questão. Quanto aos professores que aplicam esse currículo na sala de aula é ainda uma realidade distante a participação dos mesmos no pensar da questão.

A escola por sua vez, nasceu a partir da necessidade que a humanidade sentiu de transmitir o saber sistematizado às futuras gerações. Entretanto, na escola, o lugar em que a educação é transmitida de forma sistematizada, a cultura corre o risco de ser estigmatizada. Ora, se possuímos culturas diferenciadas, quem decidirá que tipo de cultura será repassada: a da elite ou a do povo? Infelizmente, é a cultura da elite que é transmitida na escola. Como é a elite que detém o poder, é ela também que elabora o currículo. Desta forma, o currículo está munido de conteúdos que privilegiam a cultura elitista, sejam colocados de forma explícita ou implícita. É principalmente, através dos conteúdos implícitos que a elite perpetua a sociedade vigente, transmitindo seus valores e formas de vida.
Porém, mesmo que o currículo seja imposto por políticas definidas fora do chão da escola, cabendo a esta apenas executá-las, há uma inegável autonomia institucional que poderá manter uma postura diferenciada de busca de transformação social. Cabe então, à escola e de maneira específica ao professor, de acordo com  posicionamentos teóricos, uma opção política em defesa de um projeto emancipatório da sociedade.
Neste sentido, Saviani (2005 e 2006), nos fala que existem três tipos distintos de teorias em educação: as teorias não-críticas, as crítico-reprodutivistas e a Pedagogia Histórico-Crítica.
Portanto, cabe ao educador se posicionar a respeito de que tipo de sociedade ele visa formar através do seu trabalho educativo. Se ele pretende que a educação simplesmente ratifique a sociedade do mesmo jeito que está, será indiferente para o professor assumir um posicionamento de acordo com as teorias não críticas ou crítico-reprodutivistas, já que ambas desempenham este papel. Caso o educador deseje que haja uma transformação da sociedade ele deve ir além, fomentando uma prática social que vise a transformação da sociedade.
Para as teorias não-críticas (Pedagogia Tradicional, Pedagogia Nova e Pedagogia Tecnicista) a educação é a redentora da humanidade, ela é a solução de todos os problemas. Fazendo com que muitas pessoas considerem que só a educação mudará o atual estado de caos em que a humanidade vive. As teorias não-críticas são extremamente positivas quanto aos resultados de transformação social que poderão vir a ocorrer a partir da educação. No entanto, sabemos que os problemas sociais que aniquilam a nossa sociedade tem como raiz não só a falta de educação sistemática, mas também a má distribuição de renda, o desemprego, etc.
Já para as teorias crítico-reprodutivistas (Teoria do Sistema de Ensino como Violência Simbólica, Teoria da Escola como Aparelho Ideológico do Estado e a Teoria da Escola Dualista). O grande marco dessas teorias é que, as mesmas, iniciaram um processo de crítica às teorias não-críticas. Entretanto, elas incorreram para o outro extremo. Enquanto, as teorias não-críticas eram extremamente otimistas, as teorias crítico-reprodutivistas eram acentuadamente pessimistas. Se, nas não-crítcas a escola era a redentora da sociedade. Para as crítico-reprodutivistas a escola é a instituição responsável pela estratificação social. As teorias crítico-reprodutivistas acreditam que a escola dissemina a cultura dominante em nome da “democratização da cultura”, mas na verdade, ela que dá os pressupostos para que o sistema capitalista possa sobreviver.  Essa democratização só ocorre no plano das idéias, fica apenas no imaginário. Pois o que vemos ocorrer é uma escola diferenciada para classes sociais diferenciadas. Desta forma, está correta a afirmação da teoria da Escola Dualista, que afirma que existem dois tipos distintos de educação, uma escola de qualidade para os filhos da classe dominante,uma educação que fomenta a autonomia e a reflexão, formando os novos líderes da nação. Esta educação destinada à classe dominante, é chamada por C. Baudelot e R. Establet (1971, apud, Saviani, 2006) de rede de escolarização Secundária-Sperior. E uma outra escola, para os filhos da classe trabalhadora, uma educação básica, para que o trabalhador possa exercer sua função dentro dos meios de produção. Para C. Baudelot e R. Establet (1971, apud, Saviani, 2006) este tipo de educação é chamada de rede de escolarização primária-profissional. Como o nome já diz voltada para a formação profissional para atender as demandas do sistema capitalista.
Embora estas teorias estejam corretas, pois de fato existem dois tipos de educação que coexistem de forma oculta. Isto não significa que isto seja o fim. Saviani (2006), por sua vez acredita que existe sim possibilidade de mudança, que embora a educação não seja a redentora do mundo, não é também tão somente uma mera reprodutora da sociedade vigente. Ora, seria conformismo pensar assim.
Saviani (2005), aponta uma possibilidade, a Pedagogia Histórico-Crítica. Que visa a transformação da sociedade. Tal pedagogia é de cunho marxista, e sua característica primordial é a emancipação popular. Neste sentido, a “democratização da cultura”, assume seu verdadeiro papel. Pois, sai do plano das idéias e parte para a realidade. Devido ser a partir do domínio do saber sistematizado que a classe dominada terá condições de lutar pelos seus interesses. Lutar pela transformação da sociedade.



























CONCLUSÃO



Como foi dito no início do texto, cultura possui mais de cento e sessenta significados diferentes, deste modo é um tema difícil de ser esgotado. Nem esta é a intenção deste artigo.
Refletirmos sobre cultura e sobre as formas que a cultura se apresenta (cultura da elite, do povo, de massa e popular) podemos concluir que a cultura tem grande importância para a humanidade, já que foi construída historicamente pelo homem e a este é inerente.
A cultura é a marca indelével que a humanidade deixa para a posteridade. Neste sentido, a cultura é a herança material e não-material que o homem deixa para a geração que está por vir.















Bibliografia


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SACRISTÁN, J. Gimeno. Educar e conviver na cultura global: as exigências da cidadania. Porto Alegre. 2002.

SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 38ª Edição. Campinas, SP: Autores Associados, 2006.

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SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 21ª Edição. São Paulo: Cortez, 2000.

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VIGOTSKI, Lev S. A construção do Pensamento e da Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

WILLIANS, R. Cultura. 2ª Edição. Rio de Janeiro: paz e Terra, 1992.

Amanda Sobral
Artigo escrito durante a faculdade para o grupo de estudo.

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