domingo, 1 de setembro de 2013

Sim, eu li a trilogia "50 tons de cinza"

Sim, eu li a trilogia "50 tons de cinza"


Após uma amiga me indicar os livros e enviar o pdf para o meu e-mail, eu li cada um dos livros. E os li em menos de uma semana. Talvez o que eu possa dizer sobre a triologia seja apenas a impressão que tive. Na verdade, não li o livro original, mas sim um arquivo em pdf cuja tradução não foi das melhores, havia algumas lacunas. Mas enfim, vamos ao cometário.


Minha opinião resumida:


Não sei como a autora do Crepúsculo não acusou a autora do Tons de Cinza de plágio. Na verdade, creio que li em algum artigo que a autora de Tons de cinza se inspirou de fato em Crepúsculo. O problema é que todos os elementos centrais da trama são os da série Crepúsculo. Eu já não sou a maior fã de Crepúsculo, acho meio parado, superficial. E na minha opinião, tanto Tons de Cinza quanto Crepúsculo pecam no mesmo aspecto: a ação é em câmera lenta. Ou seja, mesmo quando as autoras tentam enredar em uma cena de grande ação, a situação fica meio monótona.

Daí pode vir a pergunta: e por que você leu os três, por que não parou no primeiro já que era ruim?
Bem, geralmente o livro sendo o máximo ou sendo meio fraquinho eu quero terminar (devorar) a história inteira. Ou seja, eu sou um pouco ansiosa e quando começo não quero mais largar. Para que minha opinião fique expressa de forma mais exata, quando adolescente eu li muita Julia, Bianca e Sabrina e eu gostava, porque era o que eu tinha acesso. Então, poríamos comparar a esses livros. Como a Juliana Gervason falou em um dos seus vídeos: existe literatura pipoca e literatura macarrão italiano!!!!

Além disso, creio que a Juliana Gervason foi muito feliz no seu cometário sobre os Tons de Cinza. Então, abaixo, segue o post que ela fez sobre a trilogia em questão, à qual eu assino em baixo, sem tirar nem por.


Cinquenta tons de cinza e o conto de fadas moderno

Quem nunca se perguntou o que fizeramCinderela e o Príncipe, depois de casados, que atire a primeira edição do livro Cinquenta tons de cinza!

Porque desde que conto de fada é conto de fada que existe a piadinha do pós casamento, certo?

E o mérito da senhora E. L. James foi ter ido um pouco além da pergunta e da piada!

Sim, já começo este texto avisando que o famoso e mal falado Fifty shades of Greynão é nada mais nada menos do que umconto de fadas pós moderno, com direito a final feliz, é claro.

A releitura dos contos de fadas faz parte da sociedade, desde sempre. Mas reler Branca de Neve e o Príncipe (Bela Adormecida e o  PríncipeRapunzel e o Príncipead infinitun e o príncipe) com toques de sadomasoquismo, talvez tenha sido mérito de James.

E sim, eu conheço as versões eróticas dos contos de fadas e não me refiro a elas, neste momento.

A questão toda é que a escritora inglesa trabalhou em cima do clichê mais clichê de todos: a princesa frágil e insegura, presa em seu castelo de vilões, apaixona-se pelo forte e belo príncipe que a salva com seu cavalo branco e a leva para um castelo encantado onde serão felizes para sempre.

Acrescentando-se aí a seguinte alteração: a princesa frágil, inteligente e insegura, presa em seu castelo de dúvidas amorosas e profissionais, apaixona-se pelo forte, belo e rico príncipe que a salva com seu audi conversível e a leva para um apartamento encantado onde serão felizesfazendo sexo para sempre.

Pronto. Algumas palavrinhas mágicas e o conto de fadas está revisitado.

Com direito, sim é claro, à cenas de sexo selvagem pra Emannuele nenhuma botar defeito. [você só entenderá minha piada se tiver mais de 25 anos, desculpe]

E que mal há nisso, perguntam os menos castos?
Eu já respondo de prontidão: mal nenhum, mesmo. A historinha apimentada entre Anastacia e Christian não revela nenhum mérito literário, não transgride nenhuma norma acadêmica, não acrescenta nenhuma mudança para a história da literatura. Fala-se de sexo como antigamente falava-se de amor.

E sim, antigamente amor e sexo estavam terminantemente proibidos de frequentar o mesmo espaço, o mesmo casal, a mesma história. O conto da Bela Adormecida não representa nenhum aspecto erótico porque, dadas as proporções históricas, um homem de verdade jamais, em hipótese alguma, faria sexo com sua amada - ainda mais se ele fosse um belo príncipe encantado. Um cavalheiro digno de apreciação pelas donzelas leitoras de antigamente buscaria o sexo fora de casa. E aí da Adormecida se resolvesse acordar na cama: inquisição para ela e todas as outras bruxas que demonstrassem qualquer tipo (eu disse qualquer mesmo) de interesse em sexo! 

Mas Anastacia pode. Claro que pode! Afinal, as feministas lutaram muito durante os últimos anos e o voto não foi a única conquista que alcançaram!
O que Anastacia não pode, ainda, é trocar de lugar com Christian. Ele domina, ela obedece! As feministas irão bradar com essa frase, eu sei - sou feminista, ora pois. Mas sabemos que para Anastacia dominar e Christian ser o dominado há ainda que se queimar muito soutian por aí... ô se há!

Nem as mulheres e nem os homens desta nossa falsa pós modernidade estão preparados para a reversão dos papeis literários. Que a princesa continue esperando o príncipe, ainda que seja na cama, é a regra do século. E ai dela se resolver descer do dossel e colocar a mão no chicote. Se E. L. James tivesse feito isso, se tivesse revertido os papeis, teria sentido o verdadeiro gosto do fracasso.

Caminhamos um passo e é isso o que vejo. O livro e toda a sua receita pré estabelecida - e estabilizada - de chick lit + porn vendeu muito e vai continuar vendendo. Não é bem escrito - e tão pouco bem traduzido -, não guarda nenhuma característica literária da qual possamos nos orgulhar na posteridade, não possui mérito algum que não seja o corajoso feito de colocar Cinderela e o Príncipe na cama: sussurrando e gemendo ao bel prazer do leitor!




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